Reações a uma entrevista do diretor de gestão da Casa da Moeda, Fábio Rito Barbosa, teriam servido de estopim para a paralisação, em meio ao processo de privatização e de negociação do acordo coletivo
Vinicius Neder – O Estado de S.Paulo13 de janeiro de 2020 | 20h37
RIO – Os funcionários da Casa da Moeda do Brasil, estatal responsável pela produção de dinheiro, dos passaportes e de selos oficiais, cruzaram os braços. Na sexta-feira, 10, um grupo de empregados ocupou a sede administrativa da estatal. Nesta segunda-feira, 13, segundo relato compartilhado no site do Sindicato Nacional dos Moedeiros, os funcionários teriam se recusado a trabalhar após registrar entrada na fábrica, que fica em Santa Cruz, zona oeste do Rio.
A estatal foi incluída no programa de privatizações do governo federal. Em novembro, o presidente Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória 902/2019, que tira o monopólio da estatal na fabricação de dinheiro, passaporte, selos postais e fiscais federais e de controle fiscal sobre a fabricação de cigarros. Conforme a MP, a exclusividade para a prestação desses serviços acaba em 31 de dezembro de 2023. Tudo isso, em meio às negociações em torno do acordo coletivo.
A Casa da Moeda confirmou a paralisação de sexta-feira. Em nota, a diretoria da estatal diz que “entende que a empresa e os funcionários passam por um momento de incertezas e preocupações”, por causa da inclusão no Programa Nacional de Desestatização (PND), da quebra do monopólio e da dificuldade em fechar o acordo coletivo, mas ressalta que “qualquer manifestação tem seu local e representantes legalmente definidos” e que “todo excesso ou ilegalidade serão apurados”.
“Sobre o acordo coletivo de trabalho, esta Diretoria, desde que assumiu suas funções há 06 meses atrás (sic), tem buscado fechar este acordo, na intenção de evitar que com a virada do ano os funcionários deixassem de ter determinados benefícios que são decorrentes exclusivamente de um ACT. Adicionalmente esclarece constantemente aos empregados e ao sindicato que o atual custo de pessoal é inviável economicamente para a empresa”, diz a nota.
No relato compartilhado no site do Sindicato Nacional dos Moedeiros, replicado do blog do jornalista Marcelo Auler, reações a uma entrevista do diretor de gestão da Casa da Moeda, Fábio Rito Barbosa, veiculada no canal por assinatura GloboNews na própria sexta-feira, 10, teriam servido de estopim para a paralisação, em meio ao processo de privatização e de negociação do acordo coletivo. Barbosa disse à GloboNews que o elevado gasto com pessoal é um dos problemas que levaram a estatal a registrar prejuízos nos últimos anos.
Funcionária em unidade da Casa da Moeda, que está no programa de privatização. Foto: Wilton Junior/Estadão – 31/8/2017Notícias relacionadas
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