A necessidade de dinheiro físico tem obrigado o Banco Central a emitir mais cédulas e solicitar à Casa da Moeda um aumento na produção. Anteriormente, em maio, o banco já havia pedido à CMB que antecipasse a entrega do cronograma anual. As cédulas e moedas físicas foram novamente reconhecidas em sua clássica função de meio de pagamento universal, seguro e soberano nas relações econômicas internas, uma vez que atendem, por si sós, à totalidade da sociedade, sem restrições de ordem bancária, tecnológica, social, escolar ou de qualquer outra natureza. Todos aqueles que detiverem cédulas ou moedas não só são visíveis, como agentes econômicos ativos, senhores de seus destinos e defensores diretos de suas próprias subsistências, sem intermediações.
A pedido do BC, o Conselho Monetário Nacional liberou mais R$ 438 mi para a produção de novas cédulas a fim de atender a população brasileira no momento de pandemia. Com esse valor será possível a injeção de mais de 100 bilhões de reais em dinheiro físico. De acordo com o BC, a prorrogação do auxílio emergencial e o entesouramento dos brasileiros são alguns dos motivos pela falta de dinheiro nos bancos. Entendemos, contudo, que o recente histórico de estímulo a outros meios de pagamento deu causa a um meio circulante físico incompatível com as reais demandas da sociedade.
De acordo com a Reuters, o BC argumentou a necessidade da criação de um estoque estratégico para atendimento em situações adversas.
“A manutenção de apenas um estoque de segurança não garante o fornecimento adequado de numerário à sociedade em situações que fujam à normalidade como, no momento, as medidas emergenciais decorrentes do enfrentamento da pandemia da Covid-19”, acrescentou a autarquia.
De acordo com George Soares, o BC cita o cenário atual como desafiador e enfatiza que tem tomado medidas junto à Casa da Moeda para a antecipação de valores contratados e complementação da produção. Entretanto, este desafio resulta fundamentalmente da falta de sensibilidade do mundo real, que não é naturalmente servido pelas “maquininhas” e suas nada modestas taxas de utilização.
O dinheiro físico é menos oneroso para sociedade que os meios eletrônicos e digitais, mesmo considerando a reposição de meio físico devidamente higienizado, não havendo motivos para que não se estabeleça um planejamento contínuo de um meio circulante físico adequado. A substituição paulatina do dinheiro físico, inevitável para parcela de “especialistas”, também responde a interesses de quem vai viabilizar tais operações, devendo conviver em harmonia e sem precipitações com a real necessidade da população brasileira.
De acordo com informações disponíveis no site da Casa da Moeda do Brasil, a capacidade produtiva da empresa é de 2,6 bilhões de cédulas e 4 bilhões de moedas anuais, o que assegura a autossuficiência na produção nacional do meio circulante. Este fato é facilmente confirmado com uma análise do ano de 2013, quando a Casa da Moeda do Brasil produziu 3,1 bilhões de cédulas e 2,3 bilhões de moedas, equilibrando sua capacidade fabril, sua sustentabilidade financeira e as reais demandas da sociedade, como sempre foi em sua tricentenária história. Uma empresa pública com alta capacidade tecnológica e produtiva é de extrema importância nesse momento de pandemia.
O Presidente do Sindicato Nacional dos Moedeiros, Roni Oliveira, comenta que: esse episódio, desmonta a visão do Banco Central nos últimos anos que a produção do meio circulante se restringe meramente a uma condição financeira e que os alertas feitos pelo Sindicato Nacional dos Moedeiros, que levaram o congresso Nacional rechaçar a tentativa de quebra das exclusividades dos produtos produzidos pela Casa da Moeda do Brasil, são de vital importância para a garantia da soberania monetária do Brasil. As grandes nações mundiais, tais como Estados Unidos, Alemanha, China, Japão, França, Reino Unido, Rússia contam com casas impressoras de papel moeda 100% públicas, justamente por isso. Em períodos de emergência, ter uma CASA DA MOEDA 100% pública é a garantia da segurança do meio circulante e da Soberania nacional.
Deveria ser surpreendente a insensibilidade quando, em meio à necessidade de alta produção e novas demandas do meio circulante, a Casa da Moeda do Brasil sinaliza aos trabalhadores moedeiros uma Avaliação de Desempenho com a clara intenção de demitir funcionários concursados, além de manter os mesmos sem promoções e progressões na carreira. Entretanto, deve ser lembrado que desde outubro de 2019, a atual diretoria da empresa apresenta uma clara ofensiva aos trabalhadores, sempre com ameaça de retirada de direitos e possibilidade de demissão, ainda que estas medidas sejam prejudiciais ao atingimento dos desafios do país para o equilíbrio da economia em situação de aguda crise.
Apesar de estarmos no auge da produção do meio circulante, a direção da CMB se nega a negociar uma solução para a drástica redução na remuneração, em torno de 40%, que sofrerão os trabalhadores a partir de setembro. O acordo de horas extras tem validade até o dia 31 de agosto, e o Sindicato busca incansavelmente reduzir esse impacto financeiro e social na vida dos trabalhadores.
Os trabalhadores sempre provaram seu valor, atendendo demandas bem superiores às que estão sendo colocadas, como ocorreu em 2013. Contudo, naquela ocasião existia um ambiente de trabalho unido, respeitoso e direcionado para a produção.
A Casa da Moeda do Brasil, empresa pública com mais de 326 anos de história, continua sob o risco de privatização devido ao Decreto 10.054/2020 de Jair Bolsonaro. A saída do secretário de desestatização Salim Mattar do governo, é uma importante vitória para a categoria Moedeira que sempre se manteve unida na luta contra à privatização, mas não devemos baixar a guarda, ainda temos um longo caminho a trilhar até alcançarmos os nossos objetivos. Num momento crítico como o que vivemos, não podemos deixar que uma empresa estratégica vá para as mãos da iniciativa privada, sendo fundamental que a empresa deixe de priorizar a implantação de experiências já superadas (como é a curva forçada) para se concentrar em condições humanas, técnicas e operacionais para atendermos às necessidades da população brasileira.
Diretoria de Comunicação SNM
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